Homem Aranha: Potestade (ou Spider-Man: Reign, no original) é uma tentativa da Marvel de recriar um dos maiores sucessos da DC, O Cavaleiro das Trevas, mas utilizando o amigão da vizinhança. A história se passa 35 após as aventuras atuais do Homem-Aranha, e o futuro dele não é dos mais agradáveis. Peter Parker (e todos os outros heróis, pelo que parece) abandonaram seus uniformes e desapareceram. Em paralelo enormes corporações assumiram o controle de tudo e tudo isso de uma forma meio nazista. Peter Parker vive só, em uma casa pequena, convivendo com os fantasmas de seu passado. Não há Mary Jane, não há Tia May, nenhum amigo. De repente, nesse mundo sombrio, ele recebe um pacote misterioso que o força a voltar a se pendurar com suas teias e a combater o crime e esse sistema ditatorial... É daí que a aventura começa
Spider Man: Reign, foi lançada originalmente em Dezembro de 2006, e aqui no Brasil, ao menos no Rio de Janeiro, apareceu nas bancas em Setembro de 2007, sob o título traduzido de Homem-Aranha: Potestade.E é daí que começo dar meus pitacos sobre a revista...
Essa minissérie foi marcada por dois pontos polêmicos, e em nenhum deles estavam alguma crítica política que pudesse ter ou algo do tipo. Eram máculas no corpo de Peter e no destino cruel de Mary Jane.
A primeira era a respeito da genitália de Peter. Isso, houve uma controvérsia quando a Marvel deixou passar um quadrinho com o bilau do Peter apareceu. A polêcia beirou o ridículo quando começaram a comparar o bilau do Homem-Aranha com o de outros... Parecia até aquela disputa de criança, "o meu é maior que o seu". E para evitar mais polêmica, a Marvel na época recolheu a revista e "cortou fora" o pequeno detalhe de Peter Parker. Veja a imagem abaixo e tire sua conclusão a respeito do "potencial" do Homem-Aranha...
A segunda polêmica tem a ver também com o bilau de Peter... Ao menos sai dele. Veio da razão da morte de Mary Jane, publicada na terceira edição da revista. Ela não morre porque um vilão matou, ou por algum incidente causado pela vida dupla de Peter. Ela morre de câncer, e esse câncer é causado por simplesmente ter intimidade com Peter. É, exatamente isso, quando o Aranha entrava em contato com a aranha de Mary Jane, eles trocavam fluídos corporais e esses fluídos corporais contaminaram Mary Jane com radioatividade com o passar dos anos e ela foi vítima disso. Ela morreu, conforme pode ser lido abaixo, por causa dos efeitos nocivos do bilau do Peter, que além de pequeno causava câncer.
Teria Peter não um bilau pequeno, mas um cigarro?O pior de tudo é ter a constatação ao ler a história que é algo fraco, mas tão fraco que a Panini nem se arriscou a lançá-lo em edições separadas e fez um encadernado.
Os autores tentam de todo jeito criar e copiar a idéia de um Cavaleiro das Trevas, mas no máximo conseguem copiar a continuação dessa história, o Cavaleiro das Trevas 2 (o que muitos chamam de "morte em vida" de Frank Miller por causa da história sem sentido e fraca, mas isso é outra crítica). Tem todos os elementos de CT, desde a imprensa ridicularizada, as pessoas oprimidas, a criminalidade que comemora a ausência de Peter, os heróis forçados a não serem heróis, vilões que assumem o poder... Mas tudo isso em uma aventura sem graça que apesar de valer em parte a leitura (é divertidinha, mas tem que ler sem esperar algo mais que um equivalente de filmes no padrão "Cinema em Casa", do SBT - não chega perto dos padrões "Sessão da Tarde"), não vale o preço que se paga.
A arte da minissérie tenta copiar o estilo de Cavaleiro das Trevas, mas não convence. É bonitinha, mas peca por tentar ser algo que não é. E acaba em determinados momentos enchendo o saco.
Mas o que tem enchido o saco mesmo é que não é de hoje, mas o Homem-Aranha precisa urgentemente fazer análise, terapia, fumar um baseado, tomar cachaça... Algo assim. Ele o tempo todo se questiona, pensa na sua vida ruim, no quanto é infeliz. Claro, se eu fosse guiado por roteristas como os de atualmente (sem esquecer o editor que quer vê-lo solteiro), também levaria uma vida infeliz. Mas caramba, já está beirando o insuportável isso...
A história termina de um jeito sem pé nem cabeça, pois recriam um vilão final completamente over-power (Venon, óbvio...), do tipo que não é um Homem-Aranha quem encara, dão uma importância enorme ao Homem-Areia (com certeza por influência do filme) e fecham a minissérie com um gancho para alguma continuação... Que torço para que não tenha.
Provavelmente se não fossem as polêmicas, Homem-Aranha: Potestade teria passado batido como um peido, que apesar de feder se dispersa e some depois de um tempo.
Em suma, se tivesse que dar uma note, daria um 3... Isso com esforço.
Quanto a uma pequena polêmica no Brasil: o título traduzido.
Nos Estados Unidos, a minissérie chama-se "Spider-Man: Reign". Reign, segundo tradutores e alguns sites significa
reinado,
reino. Potestade, segundo o dicionário:
po.tes.ta.de - feminino (plural: potestades)
1. poder, potência, força.
2. aquele que manda, tem autoridade.
3. divindade, ser supremo.Até onde se pode ver, principalmente ao que diz respeito a significado pode-se considerar o nome válido. Mas, convenhamos, é uma palavra feia. É bonita quando vemos o aspecto intelectual, afinal de contas é uma palavra difícil, mas é uma palavra difícil de falar e de ler (por ser pouco usada). Quando vi da primeira vez li "postmade", mas Potestade não.
Até entendo o lance mais "papo-cabeça" dentro da Panini, entretanto dessa vez exageraram na dose. Eles já vinham errando feio nas digitações dos quadrinhos, onde até mesmo encadernados padecem disso, e agora isso: colocam nomes estranhos nos títulos.
Há alguém sádico na Panini provavelmente. =/
Pelo menos esse título fez muita gente pegar em algo que há muito tempo não pega: no dicionário. Esse é o maior ponto positivo, e pra mim valeu mais que a história. De qualquer forma, se não acredita em mim, antes de fazer um login no Blogger só pra ofender, compre a revista e tire suas próprias conclusões. Se gostar, fique feliz, eu não gostei. =p
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